NO DOURO
No douro
há urtigas
bois
há bosta
e moscas na bosta
e carreiros de formigas
homens que pensam
breve o longe
agarrados à enxada
e há o xisto cavado
donde brota o fruto
que assombra
ah vinho sagrado
esquecido
pelos deuses
na fuga
para o paraíso
louvado sejas!
In: “A memória na pedra”
Gonçalo Soares Leite—Nasceu em Cabeceiras de Basto, no Minho, no dia 15 de agosto de 1946. Veio para o Porto, aos 18 meses, cidade que o adotou e criou.
Atualmente reside em S. Mamede de Infesta, Matosinhos.
Nos anos 60, conjuntamente com António Topa, Artur Carvalhido, Carlos Costa, Fernando Peixoto, Jorge Bessa Lage, Jorge Emanuel Ribeiro, José Leal Ferreira e Severino Costa, entre muitos outros formou o “Grupo Jovem de Gaia”, o qual divulgou por vários palcos dos distritos do Porto e Aveiro, poesia de vários poetas, colaborando também nas páginas juvenis de diversas revistas e jornais de expansão regional e nacional, entre o quais os extintos “Diário de Lisboa” e “República”.
Foi co-editor da revista literária “Palavra em Mutação”.
Tem quatro obras de poesia publicadas:
- “Um rio que nos percorre”, 1997
- “Nas mãos do rio”, 2000
- “Sulcos”, 2002
- “A memória na pedra”, 2011